Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco realiza 1ª edição do Fórum Antirracista, no mês da Consciência Negra.
O evento abordou temas como o orgulho e os desafios da população negra na enfermagem
O 1º Fórum Antirracista, promovido pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), ocorreu na segunda-feira (27), no auditório do Senac Pernambuco, no centro do Recife. O evento teve como objetivo lançar luz sobre a realidade vivida pela população negra em Pernambuco, especialmente no contexto dos serviços de saúde. A mesa diretiva foi composta pelo presidente do Coren Pernambuco, Dr. Gilmar Júnior, pelo conselheiro e coordenador da Câmara Técnica de Enfermagem Intercultural e Atenção às Populações em Situação de Vulnerabilidade, Dr. Gabriel Gomes, pelo conselheiro, Dr. Antônio Carlos, pela conselheira, Dra. Aracele Cavalcante, pelo presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco, Dr. Francis Herbert, e pela administradora do Coren-PE, Adilma Ferreira.
Para dar início à programação, a artista pernambucana Gabi da Pele Preta entoou canções como “Mama África” de Chico César, que aborda a realidade da mulher negra no mercado de trabalho. Durante sua apresentação, Gabi destacou a importância do fortalecimento dos profissionais de enfermagem contra o racismo. A deputada estadual Rosa Amorim comandou a primeira palestra do dia com o tema: “Negritude e orgulho como sementes para a construção de políticas públicas antirracistas”. A parlamentar enfatizou as disparidades enfrentadas pela população negra, predominantemente composta por indivíduos de baixa renda, no contexto da saúde, e ressaltou o papel crucial da enfermagem negra na abordagem dessas desigualdades.
A segunda palestra do dia foi ministrada pela Drª Maria do Rosário Santos, militante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e integrante da Articulação Nacional da Enfermagem Negra (ANEN). Com o tema “População Negra e o Direito à Saúde: resgatando o cuidado ancestral na prática da enfermagem”, Drª Santos destacou o papel das enfermeiras negras que fizeram história e ressaltou ainda a importância de integrar o cuidado ancestral na prática da enfermagem, buscando respeitar métodos de cura tradicionais transmitidos culturalmente.
O evento também contou com a participação do Superintendente Estadual do Ministério da Saúde, Dr. Rosano Freire Carvalho, que enfatizou a importância do evento, especialmente diante de uma categoria predominantemente feminina e negra. “É uma oportunidade imensurável estar diante de uma categoria que, em sua maioria, é feminina e negra. No mês da Consciência Negra, é mais do que necessário discutir os desafios de continuar lutando por uma sociedade sem racismo”, destacou Carvalho.
As doutoras Valderez Ribeiro, enfermeira e ex-gerente da Unidade de Enfermagem da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco, e Suzana Marques, doutora e mestre em Saúde, abordaram os relatos de experiências sob o tema central: “Desafios e entraves da enfermagem negra nos espaços de poder”. Elas compartilharam os obstáculos enfrentados e as conquistas alcançadas em suas trajetórias até posições de liderança e influência, destacando a importância do estudo e da determinação para superar os desafios.
O encerramento da programação foi marcado pela apresentação cultural do grupo Afoxé Oba Iroko, composto por mulheres, que demonstraram, por meio da arte, o empoderamento e a força da mulher negra, representados pela cultura de matrizes africanas. Segundo o coordenador do evento, Dr. Gabriel Gomes, “o Fórum é mais uma iniciativa do Coren-PE na busca por uma sociedade e enfermagem mais equitativas, sendo um espaço profícuo não apenas de luta contra o racismo, mas também de promoção de posturas e atitudes antirracistas”. Ele destacou que outros momentos estão previstos no planejamento de 2024, como os Encontros Pernambucanos, visando ampliar o diálogo sobre a temática, além da ideia do II Fórum Antirracista do Coren-PE.