Coren-PE identifica diversas irregularidades no HRA, em Caruaru
Uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), no Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, nesta sexta-feira (06), identificou inúmeras irregularidares na unidade. A ação promovida pelo Departamento de Fiscalização da autarquia concentrou a atenção na emergência da unidade, uma das maiores do interior do estado. A inspeção contou com a participação de representantes da diretoria do Conselho, do plenário e do departamento juridico.
Ao entrar na emergência, os fiscais se depararam com cenas gravíssimas, pacientes em macas espalhadas pelos corredores, entre eles idosos, que aguardavam leitos há mais de dois dias. Uma das pacientes era dona Maria Soares (75). Ela deu entrada no HRA, na última quarta-feira (4), após fraturar o fêmur. “Desde que cheguei me colocaram aqui no correr, pois disseram que não tinha leito. É um absurdo, mas infelizmente não temos o que fazer”, lamenta a idosa.
O agricultor Alexandre Machado, de 33 anos, se recupera de uma cirurgia no maxilar, após um acidente ocorrido no dia 24 de agosto. Na última quara-feira (4), ele precisou retornar à unidade, após sentir muitas dores. O agricultor foi diagnosticado com uma infecção hospital. Nem mesmo o quadro grave fez com ele fosse encaminhado a um leito adequado. Desde que deu entrada no hospital, Alexandre foi colocado em uma maca no corredor da unidade. “É lamentável ter que ficar assim. Tanto pra mim, quanto para os outros pacientes. O que nos resta é esperar pra ser atendido e dizerem o que vai ser feita”, ressalta.
Além de pacientes pelos corredores, os fiscais do Coren-PE indentificaram problemas em outros setores da emergência. Na ala verde, a superlotação era aparente. O espaço que deveria comportar, no máximo, 26 pacientes, possuía 42, durante o período de inspeção realizado pela autarquia. Alguns sem identificação, o que pode acarretar em complicações, como a troca de medicação e falhas no atendimento. Além disso, alguns pacientes se encontravam em macas baixas, o que dificulta o atendimento realizado pelas equipes de saúde.
“Outro problema que nós idenficamos foi a falta de duas medicações, hidralazina e sorcal, utilizadas no controle da hipertensão e em pacientes com baixa em potássio, respectivamente. Foram encontras ainda medicações misturadas, lixo infectante pelo chão e limpeza precária. Quanto à estrutura, a ala verde é divida em duas salas, mas possui apenas um banheiro para uso dos pacientes. Além disso, devido a superlotação, não há separação por gênero. Já na ala amarela, segundo os profissionais, alguns pacientes chegaram a aguardar 30 dias para aguardando uma vaga para serem internados”, detalha Drª Ivana Andrade, chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE.
Já na ala vermelha, a equipe de fiscalização identificou insuficiência e inexistente de registros realizados pela equipe de enfermagem, o que pode prejudicar o acompanhamento correto dos pacientes. O setor também apresentava problemas de lotação. O espaço possui capacidade para 13 atendimentos simultâneos, mas durante a ação foram identificados 17 pacientes.
“De imediato, nós notificamos a instituição para que seja elaborado um planejamento de enfermagem, que precisa ter o dimensionamento adequado de pessoal. Além disso, vamos dar encaminhamento do relatório aos órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária e o Ministério Público de Pernambuco”, conclui Drª Ivana Andrade.